A Bíblia é cheia de exemplos onde a compaixão é não só incentivada, mas vivida intensamente por Jesus, o maior exemplo de compaixão que já tivemos.
Em Mateus 9:36, lemos que “Ao ver as multidões, Jesus teve compaixão delas, porque estavam aflitas e desamparadas, como ovelhas sem pastor.” A compaixão de Jesus não era um sentimento superficial. Ele olhava para a dor das pessoas, para suas angústias, e isso o movia a agir. E essa compaixão não era passiva. Ela o impulsionava a fazer algo.
Hoje vamos explorar o que a Bíblia nos ensina sobre compaixão. Como podemos viver isso na nossa vida diária, equilibrando o desejo de ajudar o outro sem perder o cuidado com nós mesmas?
1. O que é compaixão, de acordo com a Bíblia?
A compaixão bíblica é uma ação. Ela nasce no coração, mas não para ali. Jesus nos mostra que a compaixão sempre exige uma resposta.
Em Lucas 10:25-37, encontramos a parábola do Bom Samaritano. Sabemos que a compaixão do samaritano o levou a agir de forma prática: ele se aproximou do homem ferido, cuidou de suas feridas e o colocou em um lugar seguro.
Este é o coração da compaixão: ver a dor e agir para aliviar o sofrimento do outro. Mas o que precisamos entender é que essa compaixão vem diretamente de Deus.
Em 2 Coríntios 1:3-4, Paulo escreve: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda consolação! Ele nos consola em todas as nossas tribulações, para que com a consolação que recebemos de Deus, possamos consolar os que estão passando por tribulações.”
Isso nos ensina que somos chamadas a ser canais da compaixão de Deus. Ele nos consola para que possamos consolar os outros. Mas compaixão não é sentir pena ou dó; é colocar-se no lugar do outro, entender suas lutas e permitir que Deus nos use para ajudar.
Há um tempo, eu passei por uma situação em que alguém muito próximo estava sofrendo. Eu queria ajudar, mas me sentia impotente. O que eu poderia fazer? Foi então que Deus me lembrou: “Você pode orar, você pode ouvir, você pode ser presente.” Às vezes, a compaixão não é sobre resolver o problema de alguém, mas sobre estar lá para caminhar com essa pessoa no meio da dor.
2. Exemplos práticos de compaixão no dia a dia
A compaixão é um exercício diário. Não precisa ser algo grandioso, pode estar nos pequenos gestos. A chave é abrir nossos olhos e corações para as necessidades à nossa volta. A Bíblia nos ensina a praticar a compaixão de maneiras muito práticas.
- A compaixão nas palavras:
Em Provérbios 16:24, lemos: “Palavras agradáveis são como favo de mel, doces para a alma e medicina para o corpo.” Às vezes, a compaixão está nas palavras que usamos. Quando alguém está passando por um momento difícil, ofereça uma palavra de encorajamento. Uma mensagem simples pode trazer luz para o dia de uma pessoa. - A compaixão na ação:
Em Tiago 2:15-16, somos lembradas: “Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e carecerem do alimento cotidiano, e qualquer um de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos, e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito haverá disso?”
Deus nos chama a agir de maneira prática. Se vemos alguém em necessidade, devemos estender a mão, seja com tempo, ajuda financeira ou suporte emocional. - A compaixão no perdão:
Um dos maiores atos de compaixão que podemos oferecer é o perdão. Em Efésios 4:32, Paulo nos instrui: “Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo.”
Perdoar não significa concordar com o erro, mas libertar o nosso coração da amargura. A compaixão nos ajuda a enxergar além da dor, permitindo que Deus trabalhe em nós e nos outros.
Uma amiga minha, em uma época de dificuldade, precisou de apoio. Ela não pedia ajuda, mas ao prestar atenção, percebi sinais de esgotamento emocional. Eu poderia ter ignorado, mas Deus me tocou para ser presente, para enviar mensagens, ligar, orar por ela. No fim, minha presença foi a ajuda que ela precisava. Pequenos atos de compaixão podem fazer uma diferença gigante.
3. O limite entre compaixão e falta de amor-próprio
Agora, precisamos falar sobre algo muito importante: os limites da compaixão. Às vezes, nos envolvemos tanto em ajudar os outros que acabamos negligenciando a nós mesmas. A compaixão não deve ser confundida com auto-sacrifício que nos leva ao esgotamento.
Mateus 22:39 diz: “Ame o seu próximo como a si mesmo.” Note que o versículo não diz para amar os outros mais do que a si mesma, mas como a si mesma. Isso significa que precisamos cuidar de nós também. Não podemos oferecer o que não temos.
- Reconheça seus limites:
Ser compassiva não significa dizer “sim” a tudo. Muitas vezes, somos tentadas a carregar fardos que não foram feitos para nós. A verdadeira compaixão reconhece que Deus é o único capaz de carregar todo o peso das circunstâncias dos outros. Aprender a dizer “não” quando necessário é um ato de amor-próprio que também glorifica a Deus. - Cuide da sua própria alma:
Jesus, mesmo em sua infinita compaixão, sabia quando precisava de tempo a sós com o Pai. Em Marcos 1:35, lemos que Jesus se retirava para orar e buscar força em Deus. Isso nos ensina que a compaixão genuína só pode ser mantida se cuidarmos da nossa relação com Deus e da nossa própria saúde emocional e física. - Equilíbrio entre ajudar e ensinar:
Em algumas situações, nossa compaixão pode acabar prejudicando em vez de ajudar. Por exemplo, quando estamos sempre resgatando alguém de suas consequências, podemos impedir essa pessoa de aprender lições valiosas que Deus está tentando ensinar. A compaixão às vezes é deixar a pessoa crescer e enfrentar seus desafios com o apoio, mas não a dependência, que podemos oferecer.
A compaixão de Deus em nós
A verdadeira compaixão não vem de nossas próprias forças, mas do amor de Deus que opera através de nós. Em 1 João 3:18, somos exortadas: “Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade.”
A compaixão é uma escolha diária de viver como Cristo viveu: vendo a dor do outro, agindo com amor e sabedoria, e confiando que Deus, em sua infinita bondade, cuidará de nós no processo.
Deus nos convida a sermos mulheres compassivas, mas com equilíbrio. O amor-próprio, ancorado na nossa identidade em Cristo, é o que nos capacita a sermos compassivas sem nos perder no processo. Peçamos a Deus que nos dê um coração mais sensível às necessidades ao nosso redor e que nos capacite a agir com sabedoria e amor.
Desafio prático:
Agora, eu desafio cada uma de vocês a refletir: onde você pode exercer mais compaixão na sua vida? Pode ser com um amigo, um familiar, ou até consigo mesma. Anote isso e, durante essa semana, peça a Deus para te mostrar como agir com compaixão, mas sem se esquecer do amor-próprio.